2022-04-29

Baixo-Mondego: Tractores desfilam 30 km em Marcha Lenta para reclamar medidas urgentes ao Governo

 

Agricultores do Baixo Mondego realizaram esta sexta-feira, 29 de Abril, uma Marcha Lenta entre Montemor-o-Velho e Coimbra, com mais de 50 de Tractores, numa iniciativa de protesto promovida pela Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), filiada na CNA, e por uma Comissão de Agricultores, para denunciar os problemas sentidos pelos agricultores da região e reclamar ao Governo e ao Ministério da Agricultura medidas concretas e urgentes para acudir à dificíl situação do sector.

À semelhança do que se vai sentindo em várias regiões do país (onde a CNA e Filiadas têm desenvolvido várias iniciativas de luta), os agricultores do Baixo Mondego estão a passar por grandes dificuldades com os elevados custos de produção (sementes, adubos, gasóleo, electricidade… tudo aquilo que precisam para produzir).

As despesas são muitas e as ajudas anunciadas repetidamente pelo Ministério da Agricultura não chegam às mãos dos agricultores. Outras, como a isenção do IVA nas rações e fertilizantes, apesar de positivas, para aqueles que estão em regime de IVA traduzem-se apenas em alguma folga de tesouraria, mas não é mais do que isso. Ajudas de facto eficazes, essas tardam em chegar.

Muitos agricultores estão em grandes dificuldades, pois as sementeiras não esperam pela concretização das medidas e para lançar as sementes à terra para a próxima campanha há que comprar o necessário para uma boa colheita. Despesas feitas, não se sabe a quanto se vai vender ou sequer se se vai conseguir escoar a produção.

Acresce que os preços pagos à produção continuam baixos, muito esmagados pela “ditadura” da grande distribuição que fica com a grande parte do que os consumidores pagam pela sua comida.

Numa situação difícil, que se arrasta em promessas não concretizadas e perante um futuro incerto, os agricultores do Baixo Mondego, numa grande iniciativa de protesto, deslocaram-se até à cidade de Coimbra para afirmar que querem continuar a produzir no campo e a viver com dignidade do seu trabalho.

 Documento com reclamações entregue na DRAPC

Na cidade de Coimbra, depois de percorrerem 30 km em marcha lenta, os agricultores concentram-se na Avenida Fernão de Magalhães, com os seus tractores, junto à delegação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAPC). Aí, uma delegação foi recebida pelo director-regional a quem voltou a entregar uma exposição [1] dirigida ao Primeiro-Ministro, à Ministra da Agricultura e outros Órgãos de Soberania.

Na exposição, os agricultores, reclamam, entre outras medidas, a regulação dos preços dos factores de produção, a criação de mecanismos para que os preços à produção sejam justos, ou que o Governo assuma a responsabilidade de seguros agrícolas públicos. 

Acção de sensibilização junto dos consumidores

Os agricultores são essenciais, enquanto motor da sustentabilidade social e económica do país, e pilares da Soberania Alimentar nacional, garantindo alimentos de proximidade e qualidade para a população.

Numa acção de sensibilização da população para a importância de defender a agricultura nacional, os agricultores distribuíram um Folheto à população de Coimbra, alertando para o facto de daquilo que pagam pela sua comida nas grandes superfícies apenas 20% ir parar ao bolso dos agricultores (e destes 20% há que pagar os altíssimos custos de produção). Ou seja, juntos, a grande distribuição e a transformação arrecadam 80% do cada cidadão paga pelos produtos agrícolas nos supermercados.

Isto de facto não pode continuar. Como a CNA reclama, é urgente a criação de uma lei que proíba que se pague aos agricultores abaixo dos custos de produção.

CNA e Filiadas continuarão a luta em defesa da Agricultura Familiar e da Produção Nacional

João Dinis, da CNA, numa intervenção feita junto à DRAPC, reafirmou a solidariedade activa da CNA com a luta dos agricultores em defesa dos seus direitos.

A CNA e Filiadas estão e continuarão atentas e interventivas, na luta e na proposta por outras e melhores políticas agro-rurais, exigindo a concretização de apoios para acudir à difícil situação que o sector atravessa e pela inclusão, no Orçamento do Estado para 2022, de verbas e medidas que contribuam para o desenvolvimento da Produção Nacional e da Agricultura Familiar.

 

OUTRAS NOTÍCIAS:

Agricultores com marcha de tractores até Coimbra a 29 de Abril (14/04/2022)

ADACO: Comissão de Agricultores do Baixo-Mondego foi recebida na Direcção Regional de Agricultura (29/03/2022)

Agricultores do Baixo-Mondego em situação dramática devido aos aumentos dos custos de produção (21/03/2022)

ADACO promove reunião de agricultores do Baixo Mondego a 20 de Março na Carapinheira  (16/03/2022)

 

[1] Há um mês tinha sido entregue uma primeira exposição: https://cna.pt/files/dbdownload/777c49cbfa109067504ad483dff858c7