Desde a sua fundação (1978) que a CNA mantém relacionamento com Organizações de outros Países, com o objectivo de dotar a CNA dum maior conhecimento das realidades mundiais, ao mesmo tempo que divulga a realidade nacional.
Depois da adesão de Portugal à então CEE, tornou-se ainda mais necessária esta troca de experiências para um conhecimento mais “global” das diferentes situações, pois só o relacionamento estreito entre Organizações e a maior coordenação de posições e acções a nível Europeu seriam capazes de garantir uma defesa mais eficaz da Agricultura Familiar, junto das Instâncias Europeias.
Consciente disso, em 1992, a CNA aderiu à Coordenadora Agrícola Europeia (CPE), hoje Coordenadora Europeia Via Campesina, que congrega Organizações de diversos países da Comunidade. Mas, face à mundialização/ internacionalização da política e do comércio agrícolas e à crescente agressão das multinacionais à actividade agrícola, tornou-se fundamental definir novas estratégias a uma escala mundial. Nasce, então, a Via Campesina (VC), movimento agrícola internacional, que junta organizações de todos os continentes e regiões do Mundo. A CPE foi uma das fundadoras deste movimento e, através dela, a CNA teve oportunidade de participar na VC desde o início, contribuindo para o seu crescimento e tendo assumido ao longo dos tempos diversas responsabilidades em representação da região Europa. E desde a última Assembleia Internacional (2004, Brasil) a CNA é membro da Comissão “Biodiversidade” e responsável na Europa por este tema, no âmbito da Via Campesina, VC.
O crescendo de actividade internacional tornou ainda mais premente a necessidade de uma Representação Permanente da CNA em Bruxelas, a qual, aliás, há muito reclamávamos. Tratava-se de atender, não a um capricho, mas a um direito que assistia à CNA: outras organizações agrícolas nacionais tinham já uma Delegação em Bruxelas, conseguida com apoio público logo desde a adesão de Portugal à CEE!
No entanto, foi preciso esperar até 96 para que tal direito fosse concretizado… Em Dezembro desse ano inaugurou-se, finalmente, a Representação Permanente da CNA em Bruxelas.
A partir daí tem sido possível desenvolver uma actividade mais constante, consistente e consequente a diversos níveis (associativo, institucional e actividade própria), em benefício da Lavoura nacional. Em 1998, a CNA tem finalmente acesso (em representação da CPE) aos Comités Consultivos e Grupos Permanentes da Comissão Europeia, onde são discutidos os principais dossiers agrícolas. Para além disso tornou-se possível manter contacto regular com os Deputados Portugueses no Parlamento Europeu, com a REPER (Representação Permanente de Portugal junto da UE), com as outras organizações agrícolas portuguesas presentes em Bruxelas, com a Comissão Europeia, com a Direcção Geral da Agricultura. Todos estes contactos têm-nos permitido aceder a informação atempada, acompanhar os diferentes problemas e dossiers na fonte e agir junto dos centros de decisão, em conjunto com organizações congéneres, na defesa da Agricultura Familiar e do Mundo Rural… sem nunca esquecer as especificidades nacionais!
Se continuarmos em Bruxelas por mais 23 anos, será sinal de que os Agricultores continuam a existir e a resistir, em nome da Soberania Alimentar, de um Mundo Rural Vivo e de uma alimentação sã e segura, acessível a todos.
Se assim for a CNA cá estará, também em Bruxelas … sempre com os Agricultores!