2020-03-20
Por medidas específicas para salvaguardar a Produção Nacional, a Segurança Alimentar e a Agricultura Familiar como garante da alimentação da população
Exmo. Sr. Presidente da República,
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República,
Exmo. Sr. Primeiro-Ministro,
Perante a preocupante situação que vivemos em Portugal, com o surto epidémico de Coronavírus, com a declaração do “estado de emergência nacional”, a Confederação Nacional da Agricultura considera necessário sublinhar, em primeiro lugar, a justeza da luta da CNA e dos pequenos e médios agricultores, da Agricultura Familiar, pelo direito a produzir em defesa da Soberania Alimentar do nosso País.
No contexto, a CNA saúda os Agricultores Portugueses que se mantêm nos campos, determinados em assegurar a produção pecuária e agrícola imediata e a da próxima campanha!
A População Portuguesa está agora sujeita a restrições de circulação, de trabalho e sociais em geral. Aqui se saúda, também, o elevado grau de comportamento cívico demonstrado pela População.
Porém, a CNA chama a atenção de Vossas Excelências para que quaisquer restrições às movimentações não atinjam indiscriminadamente a produção agrícola e alimentar, e reitera a necessidade de uma outra política que apoie a Agricultura Familiar e a Produção Nacional com medidas concretas e urgentes.
Perante uma situação de dificuldades acrescidas, já ninguém pode desmentir a importância de aumentarmos a nossa produção de bens alimentares, primeiramente para consumo das populações, elevando com isso o nosso grau de auto-abastecimento. Ao mesmo tempo, fica a nu a falácia que sucessivos Governos empolaram em torno do objectivo de se produzir “para exportar”, sob o argumento do equilíbrio da balança comercial agro-alimentar em valor (em euros), teoria que sobretudo interessa ao grande agro-negócio…
A CNA reclama ao Governo e demais Órgãos de Soberania que a Lavoura Nacional e os Agricultores não sejam ainda mais sacrificados nem tão pouco esquecidos!
Excelências:
Para além dos problemas já “crónicos” da falta de escoamento e dos baixos Preços na Produção, os Agricultores Portugueses e a Agricultura Familiar em especial estão a ser confrontados com problemas novos e decorrentes desta situação. Problemas que urge enfrentar e atalhar, tarefa que em primeiro lugar ao Ministério da Agricultura e ao Governo compete executar.
Aliás, rejeita-se desde já qualquer acção governamental de discriminação negativa do Sector Agrícola face a outros Sectores Sócio-Económicos, como parece estar para acontecer tendo em conta o recente anúncio, feito pelo Governo, de medidas de apoio económico e financeiro à economia nacional.
A CNA reclama ao Governo e demais Órgãos de Soberania, e de entre outras medidas:
Repete-se que deverão ser garantidas as condições de segurança nestes espaços e comunicado isso mesmo aos cidadãos, com planos de higienização regulares, limitação do número de pessoas e estabelecimento de procedimentos rigorosos de funcionamento. Estas disposições também dizem respeito às Autarquias Locais.
Outras Medidas concretas de apoio para fazer face a uma situação excepcional:
A Segurança Alimentar da População reclama medidas firmes e muito direccionadas!
Hoje, toda a sociedade se apercebe melhor do que é essencial e o que mais “dói” em situações críticas: a saúde ou a falta dela e os necessários os cuidados públicos de saúde, o direito a uma alimentação saudável, nutritiva e de proximidade.
Nesta matéria, a CNA não pode deixar de lembrar a Vossas Excelências que a perigosa dependência agro-alimentar do nosso País e sua população tem sido consequência das políticas nocivas aplicadas anos a fio pelos sucessivos Governos e pela União Europeia. Aliás, e como já se disse, durante esse mesmo período, a CNA tem permanentemente apontado a necessária alternativa a essa dependência agro-alimentar. Alternativa que passa, sobretudo, pela defesa da Soberania Alimentar do País, pelo aumento da Produção Nacional e pelo alargamento da rede e apetrechamento dos mercados locais.
Entretanto, também urge fazer uma real e concreta avaliação da capacidade de produção nacional e das nossas principais necessidades agro-alimentares.
O encerramento de grande parte da restauração, mercados públicos e pequeno comércio, e as dificuldades impostas ao nível das vendas directas, estão a levar a uma concentração exponencial do comércio a retalho nas grandes superfícies, o que tem criado inúmeras dificuldades no acesso aos mercados por parte dos pequenos e médios Agricultores.
A produção de alimentos não pode ser mais encarada como um mero negócio internacional à custa de produtores e consumidores!
Portugal pode contar com a determinação dos pequenos e médios agricultores, a Agricultura Familiar, que constituem a vastíssima maioria das explorações agrícolas, em continuar a produzir para alimentar a nossa População.
Defender a Produção Nacional e os Rendimentos dos Agricultores Portugueses!
Garantir uma Alimentação saudável e acessível à População!
Coimbra, 20 de Março de 2020
A Direcção da CNA