2025-11-17
A MARP – Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas celebra este ano o seu 25.º aniversário, assinalando um quarto de século de trabalho em prol da valorização das mulheres do mundo rural e agrícola português. Esta data coincide com a eleição dos novos órgãos sociais[1], que marcam o início de um novo ciclo de acção e compromisso com o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.
Desde a sua fundação, em 25 de Janeiro de 2000, a MARP tem desempenhado um papel essencial na defesa dos direitos das mulheres agricultoras, na promoção da igualdade de género e na valorização do trabalho agrícola e familiar. Ao longo de 25 anos, tem denunciado as desigualdades que persistem no campo e reivindicado políticas públicas que promovam a justiça social e a dignidade de quem trabalha a terra.
Celebrar 25 anos é afirmar o futuro. A MARP continuará a ser um espaço de união, partilha e defesa das mulheres rurais, com uma visão de futuro assente na igualdade e na inovação.
A MARP recorda que são as mulheres que todos os dias garantem o pão na mesa, enfrentando condições de trabalho duras, preços à produção baixos e custos de produção cada vez mais elevados — desde o acesso à terra, ao aumento dos combustíveis, rações e fertilizantes.
Em muitas situações, ainda se paga para trabalhar. E são as mulheres que, de forma expressiva, seguram o sector e as famílias camponesas.
O trabalho invisibilizado das mulheres, no campo e em casa, continua a ser um problema estrutural. O Recenseamento Agrícola de 2019 mostra que as mulheres representam 33% dos produtores singulares, sobretudo nas regiões do Norte, Centro e Madeira, onde predomina o minifúndio. Apesar da sua importância vital, muitas agricultoras continuam sem acesso a uma reforma justa e vivem a desigualdade entre a lei e a realidade.
A MARP defende a criação de um regime especial de Segurança Social no âmbito do Estatuto da Agricultura Familiar, que reconheça as especificidades do trabalho agrícola feminino e garanta protecção social adequada.
A MARP alerta para a necessidade urgente de concretizar os direitos de quem trabalha a terra, de assegurar a segurança e a qualidade alimentar das populações e de defender a soberania alimentar do país.
Não aceitamos que o interior continue esquecido. Falta transporte, saúde, escolas, cultura. Queremos viver no campo com dignidade e igualdade.
A MARP reafirma o seu apoio à luta das mulheres por uma vida digna, sem desigualdades nem discriminações.
Quando o mundo se prepara para celebrar, em 2026, o Ano Internacional da Mulher Agricultora, proclamado pelas Nações Unidas, a MARP reafirma o seu compromisso em dar visibilidade à realidade das mulheres agricultoras portuguesas e participar activamente na construção de políticas que valorizem o trabalho feminino no campo.
A associação vê esta celebração global como uma oportunidade de reconhecimento e mobilização, reforçando o papel das mulheres rurais na produção alimentar, na sustentabilidade e na coesão territorial.
Queremos que 2026 seja um marco de afirmação das mulheres rurais portuguesas — um ano em que o país reconheça, finalmente, que sem elas não há soberania alimentar, nem futuro para o mundo rural.
O CAMPO QUE AS MULHERES CULTIVAM TEM DE PRODUZIR DIREITOS!
Coimbra, 17 de Novembro de 2025
[1] A Assembleia Geral que elegeu os novos órgãos sociais decorreu este domingo, 16 de Novembro, em Coimbra.