2023-10-16
Sim, foi há seis anos – de 15 para 16 de Outubro de 2017 – o Fogo Grande, um dos mais destruidores e “assassinos” de que há memória entre nós. E que jamais aconteça algo sequer parecido!
Sim, aquela noite funesta nunca deveria ter acontecido como aconteceu. E já fora antecedida por outros Fogos Grandes e ainda mais “assassinos” como os de Junho nos concelhos de Pedrógão Grande e Castanheira de Pera.
Todos, atingiram a tremenda “marca” de mais de 100 vítimas mortais e centenas de feridos muitos dos quais com gravidade. Uma pavorosa tragédia! E queimaram cerca de 500 mil hectares de floresta e matos na Região Centro. E milhares de casas e habitações, e centenas de empresas. Um desastre brutal quer do ponto de vista económico quer ambiental quer social!
Cabe evocar aqui a memória das vítimas e reenviar um forte e sentido abraço às famílias enlutadas e seus amigos.
Entretanto, foram aprovadas algumas dezenas de projectos, ditos de “Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, AIGP” os quais, à partida, dispõem de algumas condições susceptíveis de interessar os proprietário e produtores florestais a mobilizar. Mas a área total até agora envolvida é demasiado pequena face à área vastíssima ardida para já não falar das outras áreas. Que fazer, então, para corrigir isso? Da nossa parte, e para já, assinala-se a “entorse” do processo e reclama-se por novos programas de correcção.
Também há um outro sector, o dos territórios Baldios, que são de legítima posse e usufruto comunitários por parte dos respectivos “Compartes”. Têm preservado e desenvolvido a Floresta, entre outros “serviços”. Ultimamente, formaram vários “Grupos de Baldios” para terem acesso a fundos públicos a fim de melhorarem a gestão prática dos Baldios. E pelos bons resultados obtidos, espera-se, e reclama-se, do actual Governo a manutenção e, mesmo, o reforço desse tipo de apoios financeiros públicos!
Um aspecto mais importa assinalar. O preço da Madeira na Produção é um elemento por excelência motivador (ou não…) para a conveniente (re)estruturação da Floresta. Ora, os Preços à Produção andaram muito baixos durante anos e continuam sem garantir um estímulo capaz de levar os pequenos e médios Produtores Florestais a investir mais na (re)florestação das suas parcelas. Portanto, uma “gestão activa” da Floresta exige melhores preços da Madeira à Produção! Eis, pois, uma melhoria indispensável que é necessário assegurar também através de regulamentação institucional para o que não tem havido nem vontade nem coragem políticas... que, do outro lado, estão os interesses da grande indústria de derivados florestais que “comanda” o sistema. Até quando?…
15 de Outubro de 2023
João Dinis
(Cidadão rural e dirigente associativo agrícola)