2022-02-25
No aniversário da Confederação Nacional da Agricultura é inteiramente actual e pertinente recordar o 1º “Encontro das Organizações da Lavoura e dos Agricultores do Minho, Douro, Trás-os-Montes, Beiras e Delegações de outras Províncias”, realizado a 26 de Fevereiro de 1978, em Coimbra, em que 728 delegados de 223 Organizações da Lavoura, na presença de 5 mil agricultores aprovaram a Carta da Lavoura Portuguesa e criaram a CNA.
No fundamental, a Carta da Lavoura Portuguesa mantém-se actual e as suas reivindicações reflectem as lutas que os pequenos e médios agricultores têm tomado como suas, para fazer valer os seus interesses e direitos e pela melhoria das suas condições de vida.
Continua a ser uma das principais reclamações dos agricultores, que as suas produções agrícolas sejam vendidas a preços justos que lhes garantam uma remuneração justa do seu trabalho e que os preços dos factores de produção sejam controlados através do combate à especulação, dum maior desconto para o gasóleo agrícola e da concretização do apoio aos custos com a electricidade nas explorações agrícolas e pecuárias.
A História da CNA é marcada por muitas vitórias, entre as quais é importante realçar as que foram alcançadas em tempos mais recentes.
A revogação da legislação dos baldios que tinha sido aprovada em 2014, que abria as portas à sua privatização visando descaracterizá-los enquanto propriedade comunitária e que a Lei 75/2017 reverteu a favor dos compartes o uso, a fruição e a administração dos terrenos comunitários assumem grande importância para os meios rurais e para a Agricultura Familiar.
Outra importante vitória foi o reconhecimento da importância da Agricultura Familiar, pela aprovação do Decreto-Lei n.º 64/2018 que consagrou o Estatuto da Agricultura Familiar e reconheceu a sua especificidade nas suas diversas dimensões: económica, territorial, social e ambiental.
Foi uma importante conquista da Agricultura Familiar, pela qual CNA lutou, mas a sua execução ainda está muito longe de atingir os objectivos que se propõe.
A CNA propõe e reclama a concretização plena deste Estatuto de forma a desenvolver as explorações agrícolas.
Em 2021 e 2022, temos assistido a dificuldades para os agricultores, pelos impactos da pandemia nos circuitos de comercialização, pelo aumento dos custos de produção a níveis incomportáveis, pelos baixos preços na produção agrícola e florestal, pelos prejuízos provocados pelos javalis e outros animais selvagens, pelos efeitos da seca prolongada, pela não implementação de obras de regadio e emparcelamento. A CNA e as suas filiadas têm reclamado as medidas necessárias para defender os pequenos e médios agricultores.
Ao longo destes 44 anos, a vida tem demonstrado que as lutas e as reivindicações da CNA e das suas filiadas são justas e que se tivessem sido atendidas pelos sucessivos governos, teríamos hoje um Mundo Rural melhor, mais justo, mais vivo, com menos desertificação humana, no interior do país e um país com mais soberania alimentar.
À Confederação Nacional da Agricultura, às suas filiadas, aos agricultores que se identificam com a CNA, aos seus dedicados e persistentes dirigentes e trabalhadores, desejamos os maiores sucessos para que continuem a defender os pequenos e médios agricultores e a Agricultura Familiar, cumprindo o seu lema “Sempre com os agricultores”.