2021-10-15

Dia Internacional da Mulher Rural: e depois da pandemia onde está a Mulher Rural e Agricultora?

O Dia Internacional da Mulher Rural celebra-se a 15 de Outubro, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas numa resolução da assembleia geral em 18 de Dezembro de 2007, um documento de seis páginas que relata a importância da mulher em contexto rural. Mas, desde então, passados 14 anos, o que mudou para as mulheres rurais e agricultoras de Portugal e do Mundo? O que significa a celebração deste dia? O que é ser mulher rural e agricultora?

A importância da mulher rural e agricultora é reconhecida ao mais alto nível, mas será que se perguntarmos às mulheres rurais elas próprias reconhecerão o seu valor? Ou será que deve ser obrigação da política pública? Caberá a cada um de nós reconhecer o valor das mulheres rurais?

São mais as questões do que as respostas. No entanto, as mulheres rurais existem, produzem, vivem, criam, preservam, resistem, cuidam e tratam de si, da família, do alimento, das sementes, da terra, da água e dos solos em variadíssimos contextos sociais, económicos, políticos e ambientais. As mulheres rurais enfrentam desafios cada vez mais difíceis de suportar. Acrescenta-se a capacidade de resistência que lhes é inerente para fazer face às alterações climáticas, a violência económica (e outras formas), a dificuldade no acesso aos cuidados básicos de saúde, as desigualdades de género e… a pandemia ou o que resta dela!

As cuidadoras da terra e da família sentem as suas vidas viradas do avesso a tentar sobreviver aos constantes ataques à sua integridade moral e até física. O cansaço é notório nos rostos marcados pelo peso da História que tende a invisibilizar o trabalho digno e meritório das Mulheres Rurais e Agricultoras.
O futuro quer-se audacioso! Urge defender, cuidar e dar voz a todas as mulheres rurais e agricultoras, com soluções práticas que sejam verdadeiramente úteis para a melhoria das condições laborais, sociais e económicas.

A MARP – Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas luta para que o papel da mulher rural e agricultora seja verdadeiramente reconhecido. Que as questões e respostas sejam suprimidas alcançando-se um Estatuto da Agricultura Familiar real, concreto, conciso e direccionado para um mundo rural mais rico, diverso e inclusivo.

A MARP desafia os decisores políticos a:

- Garantir o direito a produzir alimentação de qualidade, que exige a valorização dos preços à produção nacional;
- Garantir canais de escoamento da produção com valorização de mercados e feiras, locais privilegiados de venda dos produtos agrícolas e factores de produção, alicerces da Agricultura Familiar, assegurado muitas vezes pelas mulheres;
- Dar prioridade à aquisição de alimentos provenientes da Agricultura Familiar no abastecimento das Cantinas Públicas;
- Concretizar o Estatuto da Agricultura Familiar, nomeadamente a criação de um regime de segurança social adaptado à realidade das mulheres agricultoras e rurais;
- Garantir os serviços públicos às populações rurais;
- Estabelecer políticas de desenvolvimento rural através da fixação de mulheres e famílias que queiram viver no mundo rural;

Mas, onde estão as mulheres rurais e agricultoras? Estão na lavoura, nos mercados agrícolas, a cuidar dos animais, da terra, das sementes e dos filhos, estão cá e lá, mais além! Vendem o bem, o alimento!

Querem viver sem sobreviver, porque todas somos mulheres e somos rurais e podemos ser também agricultoras!

A Direcção da MARP
15 de Outubro de 2021

COMUNICADO